Florística, dinâmica e estrutura vegetal no sudoeste da Amazônia.
terça-feira, 17 de junho de 2014
Mergulhando na Flora do Rio Andirá
Com o apoio do convenio UFAC/NYBG, colaboração do PPbio-Núcleo Regional Acre e colegas de laboratório, a equipe do Laboratório de Botânica e Ecologia Vegetal realizou coletas botânicas ao longo do Rio Andirá (Riozinho do Andirá), Bacia do Rio Acre, Porto Acre-Bujari, Acre (Figura 1- A e B).Este campo foi realizado entre 07 a 11 de junho de 2014, cujo percurso total foi cerca de 18 km de Rio.
Figura 1- A
Figura 1- B
Figura 1(A e B) – Vista
panorâmica ao longo do Rio Andirá. Riozinho do Andirá, Porto Acre, Acre.
Situado no quilômetro 50 da BR-364, sentido Rio Branco/Sena Madureira, o Riozinho do Andirá e uma área do estado onde coletas botânicas vem sendo realizadas desde 1993, contendo mais de 1200 registro. A equipe integrada por Edilson Consuelo de Oliveira (Parabotânico NYBG-Moore), Adriano Silva (Parabotânico NYBG), Jessica Oliveira (Bolsista PIBIC-CNPq) e Daniel da Silva Costa (Bolsista NYBG) (Figura 2 - A e B), sai da UFAC no dia 07/06/2014 para o município de Porto Acre ,para alcançar uma área pouco coletado do rio, com o objetivo de cumprir mais um mês de coletas intensivas na área para fortalecer o conhecimento desta área , que tem se mostrado de grande valor para a flora acriana. Apos uma campanha intensiva de quatro dias ao longo do Rio Andirá, percorrendo cerca 18 km e realizando ao todo 120 coletas.
Figura 2 - A
Figura 2 - B
Figura 2(A e B) - Equipe de Campo, Edilson Consuelo de Oliveira, Adriano
Silva, Jéssica Oliveira e Daniel da Silva Costa. Rio Andirá, Acre.
Curso
Parabotânico/Identificador Florestal para Florestas Manejadas na Amazônia
Brasileira é ministrado pelo NYBG/SFB na FLONA Saracá-Taquera, Pará
Através do Acordo de Cooperação Técnica entre New York Botanical
Garden (NYBG) e o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), com o apoio da Gordon and
Betty Moore Foundation, foi realizado o curso “Curso Parabotânico/Identificador Florestal para Florestas Manejadas na
Amazônia Brasileira”, na Floresta Nacional de Saracá-Taquera (Figura 1), entre 17 de
março e 10 de maio de 2014.
Figura 1 - Floresta Nacional Saracá-Taquera, Oriximiná, Pará-Brasil (Foto: H. Medeiros).
O curso contou com a participação de 15 alunos,
entre eles funcionários das empresas do setor madeireiro, comunitários,
trabalhadores da Cooperativa da FLONA Tapajós e técnicos da Universidade
Federal do Oeste do Pará (Figura 2). As atividades foram ministradas por Douglas Daly
(NYBG), Edilson Consuelo de Oliveira (Bolsista NYBG/Moore), Flávio Amorim
Obermuller (Doutorando em Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro),
Herison Medeiros de Oliveira (Bolsista NYBG/Moore), Luiz Fernando Marques e
José Arlete Alves Camargos (Laboratório de Produtos Florestais do Serviço
Florestal Brasileiro) e Wendeson Castro da Silva (Mestrando em Ecologia da
Universidade Federal do Acre).
Figura 2 - Participantes do Curso Identificador Florestal (Foto: F.A. Obermuller).
Durante o curso os participantes tiveram aulas
teóricas e práticas de Estratégias para identificação e morfologia básica,
Morfologia e sistemática prática, Ecologia de Populações e Comunidades e
Conservação, Identificação macroscópica da madeira e Inventário Florestal e
Guias de Campo (Figura 3), com o objetivo
de habilitar identificadores botânicos, baseado no treinamento intensivo que
certificará a capacidade de atuação efetiva dessas pessoas, conferindo
credibilidade aos inventários florestais, contribuir para a promoção da
melhoria da qualidade do manejo florestal e para a conservação dos recursos
naturais.
Figura 3 - Alunos realizando atividades de classificação das folhas e identificação macroscópica da madeira (Fotos: H. Medeiros, F.A. Obermuller e W. Castro).
Colaboradores:
Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade
Instituto Internacional de Educação do
Brasil
EBATA Produtos Florestais LTDA.
GOLF Industria e Comercio de Madeiras
LTDA-EPP.
Tinker
Foundation
Overbrook
Foundation
Apoio:
Gordon and Betty MOORE Foundation
Realização:
The New York Botanical Garden e Serviço Florestal
Brasileiro
Considerando o aumento do desmatamento da Amazônia brasileira nas últimas décadas, o Governo Federal vem incentivando a criação de planos de manejo florestal (PMF) comunitário de pequena escala, como forma de consolidar o desenvolvimento sócio-ambiental, refletindo na conservação da biodiversidade. No entanto, essa atividade requer referências que a caracterizem como sustentável, como por exemplo, a confiabilidade da identificação botânica. Algumas empresas responsáveis por esses PMF utilizam apenas listas de nomes populares (NP), os quais são associados a nomes científicos (NC) sem que as espécies tenham sido identificadas por especialistas ou confrontadas com amostras de uma coleção científica. Este estudo tem por objetivo estabelecer protocolos para identificação precisa da identidade e do estado de conservação das espécies madeireiras atualmente comercializadas. Este estudo foi realizado na Fazenda São Jorge I (FSJ), da empresa Laminados Triunfo LTDA. Para cada espécie do inventário da empresa, foram coletadas cinco amostras botânicas com auxílio de um técnico parataxonomista, anotadas se caracterísiticas dendrológicas e morfológicas. Das amostras foram retiradas cinco folhas, sendo as mesmas armazenadas em saco plástico com sílica gel, para análise das caracteristícas foliares. As folhas foram diafanizadas com hipoclorito de sódio (2,5%) para extração da pigmentação e, posteriormente, coradas em fucsina ácida (1%). A análise da arquitetura foliar foi realizada através de foto-documentação, sendo assim, separadas e/ou agrupadas por espécies próximas ou não filogeneticamente. Segundo o inventário florestal realizado na FSJ, 178 espécies foram registradas, porém três não existem, 28 não apresentavam gênero e família, 24 apresentavam família, mas não gênero ou espécie e 24 não ocorrem no estado do Acre. Do total 79 apresentaram erros quanto à identidade botânica. As análises da diafanização de 99 espécies que aparentemente não apresentaram erros revelaram problemas sérios quanto à associação entre NP e NC. Por exemplo, uma das árvores mais comuns no inventário, denominada paineira (provavelmente Ceiba Iupuna), considerada inútil pela empresa, na verdade tratava-se da samaúma (Ceiba pentandra), uma espécie muito conhecida e uma das mais valiosas no mercado. Nessa situação percebem-se dois problemas, um relacionado à identidade botânica e outro para empresa, uma vez que o inventário foi terceirizado por um grupo que não tem conhecimento da realidade botânica local. O inventário utilizado pela empresa apresenta 44% de erros graves. A técnica de associar NP a NC, proveniente do plano de manejo utilizada pela empresa caracteriza a atividade como não sustentável desse ponto de vista. A diafanização é uma alternativa viável para identificar os erros contidos nos planos de manejo. Sugerimos a utilização desta técnica como uma forma de minimizar os problemas nesse aspecto.
Figura 1- Aspectos da arquitetura foliar de Aspidosperma parvifolium. (Figura por F. Obermuller)
Agradecimentos: A JRS Biodiversity, a WWF-Brasi e ao CNPq pelo financiamento do projeto. Ao LBA pelo apoio logistico e ao parataxonomista Edilson C. de Oliveira e ao Grupo LABEV.
Dados obtidos através de imagens apontam que, Com mais de 600 mil hectares de tabocais, o Acre, junto com regiões vizinhas da Bolívia e do Peru, possuem a maior área de bambu nativo de todo o mundo. A análise das imagens valeu-se da reflectância do infravermelho a partir da densa folhagem do bambu. Essa distinção torna possível distinguir entre manchas com bambu e sem bambu ou bambu morto e vivo, entre a floresta aberta. Assim seus limites torma-se bem distintos durante o desenvolvimento da população, assim como após sua reprodução e morte sincronizada. Sobre esses apontamentos este trabalho teve como objetivo mapear a ocorrência e a dinâmica de mortalidade de espécies de bambu do gênero Guadua nas florestas do leste do Estado do Acre.
Mapeamento da ocorrência e mortalidade de florestas abertas com bambu
O mapeamento da ocorrência de bambu e mortalidade no leste do Acrefoirealizado com basenousodeimagensLandsatTMeprocessadaspeloDr.BruceNelson, respectivamente,noInstitutoNacionaldePesquisasEspaciais(INPE)enoInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), num raio de 50 KM dos municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Xapuri, Acrelândia, Porto Acre, Rio Branco, Bujari, Sena Madureira e Manuel Urbano. As cenas contíguas de imagens de satélite abrangem uma série temporal de 20 anos (1985-2005).Para a localização de uma maior quantidade de manchas foram utilizadas ainda imagens MODIS (2001-2005, bandas 6-2-1, rgb) e Landsat Geocover (1990-2000).Por estarem dentro do raio de 50 km dos municípioslocalizados na região de fronteira (AssisBrasil,Brasiléia,PortoAcre,SenaMadureiraeManuelUrbano),áreasnos Departamentos de Pando, na Bolívia e de Madre de Dios, no Peru, e nos Estados de Rondônia e Amazonastambémforamincluídas nos mapas.
Ocorrência
O mapeamento da ocorrência de florestas abertas com bambus arborescentes do gênero Guadua indica que o leste do Acre tem quase 2 milhões de hectares com esse tipo de vegetação, sendo que pouco mais de 50% esta concentrado nos municípios de Manuel Urbano, Xapuri eAssisBrasil(fig.3). Brasiléia, Acrelândia e Porto Acre apresentaram uma ocorrência pouco expressiva. Em função da ocupação populacional, as manchas de floresta com bambu nos municípios de Rio Branco, Bujari e Porto Acre, estão restritas a fragmentos florestais, enquanto que em Assis Brasil, ManoelUrbano,SenaMadureirae Xapuri,asmanchas ocorremem grandes polígonos onde predominam florestas contínuas.
Mortalidade
O mapeamento da mortalidade de bambu nas florestas abertas da região leste do Acre indica que esse evento ocorreu em todos os municípios investigados, sendo que os deimpacto maior ocorreram em Assis Brasil em 1994, em Xapuri entre 1984 e 1986 e em Sena Madureira e Manuel Urbano em 1988(Figura 4). O mapeamento também revelou que os eventos de mortalidade de populações distintas ocorreram de forma contagiosa no espaço e no tempo, sendo alta, a probabilidade de uma população reproduzir e morrer, em um determinado ano se as populações vizinhas reproduziram e morreram um pouco antes ou um pouco depois daquele ano. Durante este trabalho dois eventos de mortalidade foram documentados.Em Acrelândia, mais precisamente noProjetodeAssentamentoAgroextrativistaPortoDias,Guadua sarcocarpaapresentou mortalidade maciçaenafronteirado Acrecomo Amazonas, Guadua angustifolia apresentou mortalidade esporádica em algumas áreaslocalizadas ao longo dorio Purus.
Autores João L. Freitas Jr. , bolsita Funtac, e Marcos Silveira,Dr. Ufac . Este trabalho foi apresentado no IX Cogresso Brasileiro de Ecologia 2009: Ecologia e o futuro da Biosfera.